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As rugas são como as peúgas
Voltam a calçar-nos
Sempre que pensamos nas burras
E nos aprontamos para removê-las
Prendem-se como se fossem carrapatos
Agarrados aos nossos sapatos
Por muito que brinquemos com elas, são factos.
As expressões que nos caracterizam
Tornam-nos reais, especiais e capazes de viver mais e mais!
Somos naturais!
Envelhecemos com o passar do tempo
Esse é o nosso, só nosso!
Ninguém o deve acelerar, ninguém o deve parar. O tempo chega quando chegar! Não adianta apressar.
As rugas chegam, a velhice chega!
Começas a nota-las e mais tarde
Vê-las por uma nesga
E outras já estou vesga.
Vou com oitenta e quatro derrapagens
Sem cremes ou óleos modernos
Apenas um pouco de sol
E dias de chuva eternos.
“Sou assim, Gabriela
Cravo e canela”
São marcas da vida
Prefiro ser assim
Do que uma pessoa perdida
Falarei até me sentir esbaforida.
Mudança sobre mudança
Pele caída e revestida
São sinais de que estava malvestida
Mas nunca fiquei perdida.